Sobre a obesidade, o dicionário diz “excesso de peso” mas é muito mais do que isso: é uma sentença de morte. Não será hoje, pode não ser amanhã, mas será, com toda a certeza, antes do seu tempo. Apesar disto, porque o corpo humano é uma máquina muito funcional, a obesidade é reversível e, assim que se começam a perder os quilos a mais, notam-se alterações significativas na sua qualidade de vida.
A OBESIDADE NO BRASIL
Apesar da dieta dos brasileiros terem melhorado com a incorporação de frutas e hortaliças na alimentação diária, e a população adotar atividades físicas regulares, os índices de obesidade seguem crescendo por aqui. Pelo menos é o que indica a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigital 2018), divulgada no dia 24 de julho de 2019 pelo Ministério da Saúde. Entre 2006 e 2018, houve um aumento de 67% na taxa de obesidade no país, passando de 11,8% para 19,8% da população brasileira.
A pesquisa ouviu, por telefone, 5239 pessoas maiores de 18 anos, entre fevereiro e dezembro de 2018, em 26 capitais e no Distrito Federal.
Para o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, apesar do maior consumo de vegetais, o brasileiro compra muitos itens calóricos e sem tanto valor nutricional. “Temos ainda um aumento maior de obesidade porque ainda há consumo elevado de alimentos ultraprocessados, com alto teor de gordura e açúcar.”
COMO SABER SE SOFRE DE OBESIDADE
Antes de avançar, importa saber se está em situação de risco. Para isso, calcula-se o índice de massa corporal (IMC), dividindo-se o peso (kg) pela altura ao quadrado (cm). Assim, considerando uma pessoa que meça 173 cm e pese 98 kg, o cálculo deve ser feito da seguinte forma:
= 98 ÷ (1,73 x 1,73)
= 98 ÷ 2,9929
= 32,74
De acordo com a tabela de IMC, este valor corresponde a obesidade de grau I.
Outra medida importante para a avaliação do risco de doenças relacionadas com a obesidade é o perímetro abdominal, diretamente relacionado com o risco de doenças cardiovasculares. Ainda que o IMC esteja dentro de valores normais, a cintura não pode ultrapassar os 88 cm, no caso das mulheres, e os 100 cm, no caso dos homens.
CAUSAS DA OBESIDADE
O excesso de peso e gordura resulta do excesso de calorias. Ao consumir mais do que aquilo que precisa, ou seja, ao consumir mais energia do que aquela que dispende, a gordura acumula-se no organismo.O ARTIGO CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Uma vida sedentária, com muito pouco ou nenhum exercício físico e a ingestão de calorias acima das necessidades energéticas individuais é o combustível perfeito para a obesidade.
Estudos comprovam que existe uma predisposição genética para a obesidade, por exemplo, filhos de pais obesos têm mais riscos de obesidade. Porém, este não pode ser um dado adquirido! Com uma alimentação equilibrada e exercício fisico regular é possível inverter o quadro e a educação alimentar tem de ser iniciada desde o momento em que o bebé começa a diversificação alimentar.
CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE
Não é preciso chegar a valores de obesidade de grau I, II ou obesidade mórbida para as consequências aparecerem. Por si só, o excesso de peso e sedentarismo são a causa de muitos problemas de saúde, nomeadamente:
- Hipertensão arterial;
- Arteriosclerose;
- Insuficiência cardíaca congestiva;
- Angina de peito;
- Hiperlipidémia;
- Alterações de tolerância à glicose;
- Diabetes tipo 2;
- Gota;
- Dispneia;
- Fadiga;
- Síndroma de insuficiência respiratória do obeso;
- Apneia de sono;
- Embolismo pulmonar;
- Esteatose hepática;
- Litíase vesicular;
- Cancro do cólon;
- Infertilidade;
- Amenorreia;
- Incontinência urinária;
- Hiperplasia;
- Cancro do endométrio;
- Cancro da mama;
- Cancro da próstata;
- Hipogonadismo, hipotalâmico e hirsutismo;
- Osteartroses;
- Insuficiência venosa crónica;
- Risco anestésico;
- Hérnias;
- Propensão a quedas;
- Degenerações das articulações (coluna, quadril, joelhos e tornozelos);
- Fungos e infeções de pele;
- Mobilidade reduzida;
- Depressão;
- Baixa autoestima.
COMO TRATAR A OBESIDADE?
O tratamento da obesidade passa pela adoção de hábitos alimentares saudáveis, respeitando as necessidades energéticas individuais. Esta é a chave para a perda de peso. O exercício físico torna-se fundamental para conseguir, não só perder peso, mas para aumentar a mobilidade.
Em último caso, e sob a recomendação médica, a cirurgia bariátrica pode ser uma solução para a perda de peso. Em qualquer caso, o acompanhamento com uma equipa multidisciplinar é fundamental para se conseguir atingir o objetivo da perda de peso de forma saudável.
Fonte: Vida Ativa